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CRÓNICAS JORNAL

 

DO ALGARVE

 

 

 

 

 

O Algarve e o flagelo da diabetes

 

 Os principais problemas com que nos defrontamos hoje e aqui, no que concerne à diabetes, para além da imprescindível prevenção que se centra em hábitos de vida saudáveis devidamente planeados e postos em prática desde a infância...dizem respeito a um diagnóstico precoce, por um lado, e a uma orientação terapêutica personalizada com o intuito de evitar as graves complicações que com o evoluir da patologia podem surgir, por outro.

Nesse sentido devem ser definidas campanhas devidamente orientadas e envolvendo vários profissionais de saúde com vista ao despiste de valores elevados de açúcar no sangue e uma terapêutica precoce e devidamente personalizada.

Ora qualquer das duas...estão hoje ao nosso alcance sem grandes dispêndios económicos e, sem qualquer dúvida, com enormes benefícios a médio prazo.

Por um lado, seria necessário um programa pensado e devidamente definido no sentido de, com exames extremamente simples, ir ao encontra da população, nomeadamente dos grupos etários mais vulneráveis, e selecionar e criar possibilidades de orientar de uma forma simples e eficiente, em tempo útil, as situações que o justifiquem para uma consulta programada para o efeito.

Por outro lado e na mesma linha de raciocínio é fundamental a definição e prática de uma terapêutica personalizada tão precoce quanto possível selecionando devidamente as diversas situações e orientando-as para as respetivas e diferenciadas unidades de saúde de acordo com a gravidade ou evolução da situação. 

Por ultimo é importante salientar, o que muito nos apraz, que nos últimos anos, de par com novos conceitos relativos aos mecanismos que estão na génese da diabetes, novos fármacos surgiram e vários outros surgirão, certamente, nos próximos tempos que abrem, sem dúvida, fundadas esperanças no tratamento da diabetes.

Porém, entendamo-nos, em ultima análise, tudo dependerá de um plano devidamente elaborado a nível regional, sem aguardar ou depender, como infelizmente continua a ser a prática, de Lisboa. O Algarve pode e deve tomar consciência que dispõe de profissionais e conhecimento que baste para dar resposta e, inclusive, reverter o flagelo da diabetes.  

Seria muito importante que, nos tempos que vivemos, as forças vivas entendessem, valorizassem e acreditassem nas suas capacidades e tivessem coragem para não se limitarem a cumprir "instruções" da capital. Naturalmente que também aqui como no futebol é necessário ter em conta o aforismo inglês "the right man in the right place" o que infelizmente ou não é conhecido ou não tem sido entendido por quem se tem vindo a entreter com os cordelinhos do poder entre nós.

Após mais de quarenta anos dedicados ao estudo e clinica da diabetes não posso deixar de concluir que os progressos são enormes. O panorama alterou-se significativamente e principalmente os passos que se deram nos últimos anos permitem-nos augurar vidas melhores e saudáveis para a grande maioria dos diabéticos.

Não temos dúvidas que os resultados serão patentes a curto prazo e que as poupanças em saúde poderão ser significativas.

Em nossa opinião, como há anos vimos defendendo, o Algarve tem que se assumir como região e neste contexto da luta contra a diabetes poderia mesmo ser exemplo para o restante país.

 

Eurico D. Gomes

Presidente da Direção da A.E.D.M.A.D.A. (IPSS - área da saúde) 

Diretor Clínico da Clínica de Diabetes da A.E.D.M.A.D.A.

Faro, 19 de Maio de 2016

 

PUBLICADO: 26 de Maio de 2016

 

 

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